Wicca - Crenças & Práticas

sexta-feira, 9 de novembro de 2007



Há diversas denominações (chamadas comumente de Tradições) Wiccanas. Assim, há uma enorme quantidade de variações sobre as crenças e as práticas Wiccanas.

A prática Wiccana mais comum cultua duas Divindades, a Deusa e o Deus, algumas vezes chamado de Deus Cornífero (do latim: "o que porta cornos"), Deus Verde, Deus Caçador, Deus Criança, etc...

Algumas Tradições, principalmente as denominadas Tradições Diânicas, dão mais ênfase ao culto da Deusa, outras dão ênfase ao Deus e a Deusa como complementos de toda a criação, portanto, em igualdade de condições. Algumas Tradições Diânicas feministas não consideram o Deus. Alguns praticantes discordam dessa posição, dizendo não haver razão para realizar as celebrações ritualísticas mais importantes sem a presença das duas polaridades. Outros praticantes vêem a Deusa como o Todo, sendo assim o Deus apenas uma parcela da Deusa. O importante neste assunto é saber que todas estas Divindades são Pagãs.

A maioria dos praticantes de Wicca, no entanto, não se diz dualista, mas politeísta, às vezes com referências a panteões específicos, como o celta, o grego, o nórdico, dentre outros. Alguns praticantes da Wicca poderiam ainda ser classificados, dependendo de sua Tradição ou crença pessoal, como animistas, panteístas, panenteístas, dentre outras de uma vasta faixa de possibilidades, mas nunca monoteístas. Porém, não vamos confundir quando ouvirmos dizer que a Wicca é de princípio Monista, aonde expressa a crença de que tudo o que há foi criado por uma única divindade, no caso da Wicca, a Deusa. Os Panteões mais tradicionais na Wicca são os europeus, por terem sido o berço da "Arte dos Sábios" ou da "Antiga Religião".

Os ritos da Wicca reverenciam a ligação da vida dos praticantes e das Divindades com a Terra. Essa reverência se expressa, principalmente, através de rituais cuja liturgia celebra as lunações e as mudanças das estações do ano. Sem esquecer a crença da reencarnação dentre os Bruxos Wiccanianos.

Os praticantes de Wicca realizam rituais em honra à Deusa nas noites de Lua Cheia. Esses rituais são normalmente denominados Esbats. Algumas tradições chamam também de Esbat rituais realizados nas demais fases da lua.

Estes ritos são celebrações onde se acredita que a Deusa Sábia desce até a Suma Sacerdotisa através do rito de "Puxar a Lua", sem tomar seu corpo, e através dela revela a sua sabedoria.


Casamento de bruxos em Averbury, Inglaterra (Beltane 2005)
O culto à Deusa pode ser feito a um dos aspectos do divino feminino:

A Donzela, que representa a pureza feminina, o vigor, a inocência e a sedução (Lua Nova e Crescente);
A Mãe, fonte da vida e protetora (Lua Cheia);
A Anciã, velha e sábia, conhecedora dos maiores mistérios da vida e da morte (Lua Minguante);
A Ceifadora, seu lado escuro e destruidor (Lua Negra).

Vale alertar que não há entidade que represente o "mal supremo" na Wicca. Todos os Deuses têm a polaridade bem/mal e a sabedoria para usar.

É prática corrente na maioria das tradições comemorar anualmente oito festivais sazonais, chamados de Sabbats. Eles marcam a passagem do tempo no calendário solar e costumam seguir a seguinte ordem:

O ano se inicia em Samhain (lê-se: soul-êim), quando o Deus, filho e consorte da Deusa, morre;
Depois ele nasce em Yule do útero da Deusa;
Passa sua infância em Imbolc, quando é alimentado pelo seio sagrado da Senhora Sábia, que agora descansa do parto;
Em Ostara é a Deusa Renascida que vem trazendo sua força: ela é a Deusa Infante e ele o Jovem Caçador das Matas;
Em Beltane ele se une à Deusa Donzela, e com ela faz o Grande Rito;
Em Litha ele é o mais poderoso e implacável Senhor da Mata, e a Donzela já se tornou a Sacra Mãe;
Em Lammas ele começa sua rota ao declíneo. Ele é o Deus da Magia, enquanto a Deusa segue seu trilhar para dar a luz novamente ao seu filho;
Em Mabon ele é o Grande Sábio Deus Verde, e está se preparando para sua passagem, enquanto a Deusa começa sua resignação como mãe e mulher que sofre a já perda de seu Filho;
Volta a morrer em Samhain, realizando a grande espiral do renascimento, ou simplismente a Roda do Ano.
Quatro Sabbats, chamados Maiores por algumas tradições, celebram o auge das estações. São eles o Samhain (Outono), Beltane (Primavera), Imbolc (Inverno) e Lammas ou Lughnasadh (Verão). Os demais, chamados às vezes de Sabbats Menores, comemoram Solstícios - Litha (Verão), Yule (Inverno), Equinócios – Ostara (Primavera) e Mabon (Outono).

Há uma grande controvérsia entre os praticantes brasileiros sobre qual a forma mais adequada de escolher as datas dos Sabbats. Vários deles defendem que os Sabbats sejam comemorados nas mesmas datas em que isso é feito no Hemisfério Norte (por exemplo, Yule em Dezembro), enquanto outros defendem a comemoração nas datas em que as estações ocorrem no Hemisfério Sul (Yule em Junho). Praticantes australianos, argentinos, porto-riquenhos, africanos-do-sul e uruguaios comemoram, em sua grande maioria, as datas do Hemisfério Sul.

Alguns chamam a Wicca de religião da Deusa, porque enxergam na Deusa a totalidade. Outros contestam esta afirmação, crendo que em nenhum momento isso se torna verídico, pois a Deusa, por mais poderosa e onipotente que seja, realiza a "Descida" até o Deus do Sub-Mundo, e apenas lá recebe, por intermédio das provações, o conhecimento que precisa para se tornar plena (mitema iniciático). Assim, a Deusa não está completa sem o Deus, nem para portar o conhecimento, nem para realizar o Grande Rito da criação universal, pois apenas dois opostos podem se unir e criar de sua união o Tudo. Há vertentes de Wicca que consideram a Deusa completa em si mesma, e outras que enfatizam a crença e culto na polaridade. Não há posturas certas nem erradas, ambas expressam crenças diversas dentro da mesma religião e cada praticante escolhe a de sua preferência.

Alguns praticantes se reúnem em grupos, denominados Covens, Círculos, Família, Groves ou Clãs, que se diferem em número de participantes, ligação íntima dos praticantes ou até mesmo práticas de Tradições irmãs, enquanto outros trabalham sozinhos e são chamados de "solitários". Alguns solitários, no entanto, se reúnem em "encontros", círculos de estudo ou círculos abertos e outros eventos comunitários como o ESP, o PNT, o EnWicca ou EAB (eventos públicos para pagãos), mas reservam suas práticas espirituais (Sabbats, Esbats, feitiços, culto, etc.) para quando estão sozinhos. Alguns praticantes trabalham em comunidade sem necessariamente fazer parte de um Coven.

É usual que os ritos praticantes sejam realizados no interior de um círculo mágico, que é traçado de forma ritual, após a limpeza e consagração do local, que em geral é realizado em casa ou em pequenos espaços: quartos, salas, quintais, etc, adaptando à modernidade no quesito pouco acesso à um lugar de maior contato com a natureza, e até à falta de segurança. Preces ao Deus e à Deusa são proferidas, a evocação dos Guardiães dos pontos cardeais é realizado, e muitas vezes são feitos feitiços adequados ao rito em condução (o qual é o ponto focal da celebração), e então é realizado o Cone de Poder, que concentra e envia as energias do círculo até o objetivo almejado por todos. Ao final, é tradicional a partilha de pão e vinho em certos rituais e celebrações.

Alguns ritos esquecidos da prática Wiccana estão em ascensão novamente, como os ritos de honra e homenagen ao ancestrais, e, os ritos de passagem, como o banho de prata, o Handcliff, o HandFasting, entre outros.

A maioria dos wiccanos usa um conjunto de instrumentos de altar em seus rituais. Esses instrumentos incluem, dentre infinitos outros, vassouras, caldeirões, cálices, bastões, atames (um espécie de adaga ou punhal, que não é usado para sacrifícios de qualquer espécie), facas (bolline, usada para cortar ervas, flores, e gravar símbolos e velas), velas, incensos, etc. Representações da Deusa e do Deus são também comuns, seja de forma direta, representativa, simbólica ou abstrata, e são mais usados os símbolos do Cálice para a Deusa, que é o símbolo de seu útero, e o Athame para o Deus, que é a representação de seu falo. Os instrumentos são apenas isso, instrumentos, e não têm poderes próprios ou inerentes. Apesar disso, são normalmente dedicados ou "carregados" com um propósito específico, e usados apenas nesse contexto. É considerado extremamente rude tocar os instrumentos de um bruxo ou bruxa sem sua permissão.

O pentáculo - um pentagrama, estrela de cinco pontas, inscrito em um círculo - é um dos símbolos mais utilizados por praticantes para representar sua fé. É usado para representar 5 elementos componentes da natureza: Os quatro elementos clássicos - terra, ar, água e fogo - mais o espírito (às vezes chamado de akasha ou éter). Muitos Gardnerianos, no entanto, contestam essa atribuição. E quando às vezes utilizado de cabeça para baixo, é atribuído ao Deus Cornífero.

Os praticantes acreditam que cada um deve cultuar a(s) divindade(s) à sua própria maneira. Sem imposições ou leis escritas, mas com consciência em relação à cidadania, à auto-estima e à preservação ambiental, repudiando qualquer forma de preconceito e proselitismo, e incentivando a igualdade de gênero e a liberdade sexual.

A Wicca tem, como leis comuns, a Lei Tríplice, que dita a regra: "tudo o que fizeres voltará em triplo de volta para ti" (tanto de bom quanto de ruim) e a Wiccan Rede que dita: "Faça o que quiseres, desde que nada nem ninguem prejudiques" ou popularmente repetido como "Faça o que queres, desde que não prejudiques nem a nada nem a ninguém, nem a si próprio". A primeira ilustra bem a importância do número 3 em sua filosofia, também exemplificada nos aspectos da Deusa-mãe (virgem, mãe e anciã), e nos três graus iniciáticos de algumas tradições

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